domingo, agosto 16, 2009

sábado, agosto 15, 2009

Verão













É mesmo muito bom, em pleno Verão, conseguir encontrar lugares como este :), ainda...

Fotografia...



...ou a infinita espiral do que designamos de tempo.

sexta-feira, agosto 07, 2009

quinta-feira, agosto 06, 2009

Um único sentido nunca se faz só



Talvez inocentes e invisíveis pensamentos se cruzem entre si, sobre os ventos onde navegam em trajecto circunscrito, indiferentes às amarras da mente, fugindo à socapa por entre a reprovação dos seus criadores. Talvez o desejo depois de concebido pudesse ser inscrito e marcado para sempre nas margens da imaginação. Talvez as vontades alheias se abraçassem, os sorrisos se contagiassem e o toque surgisse de uma ancestral necessidade de nos amarmos e sofrermos como iguais. Na memória, cresceriam favores contrários à contraditória vontade sacrificada pelos genes que lhes deram forma.
Não te posso falar porque o som não te chegará pela distância dos símbolos e significados. Não te posso sorrir porque a boca se encontra também ao serviço de outras palavras não reveladas. Não te poderei tocar porque as mãos, atadas a outras acções permanentes, não se conseguem libertar. Não te poderei eu sorrir, nem tocar, nem te olhar pela cegueira que se moldou na indiferença que aprendi a criar, pelo medo que adoptei no meu colo já adormecido, pelo desconhecido que embalei, dia a dia, em imutável permanência. O desconforto de pisar outros caminhos que nunca se usam, mas que se podem cruzar com o teu. E da nascente crescente de acções mecanizadas, seguem novos sentidos, descobrem-se discriminados e lentos caminhos que param nos teus sonhos para te gritar em calma e sussurrar em exaustão. Encontro-te então aí. A meio caminho. Já nos vimos antes sem nunca o reconhecer. Pressentimos, talvez, imagens de filmes distanciados pela memória, músicas desconstruídas por outros intérpretes, histórias que viajam com a imperiosa necessidade de se mostrar para sobreviverem apenas na tua mente. Convicções que desejamos manter mesmo que se mantenham desfeitas e desamparadas em nós. Silêncios onde apenas persiste o silêncio. E um mesmo cenário estranhamente contrastante.
Será então tempo de desconstruir as certezas e desvanecer as montras onde se amontoam desejos egocêntricos e talvez de mim se desprendam afectos que se tornem morada. Talvez um mar de palavras inocentes chegue também a ti e te sussurre sentidos que te pertençam, silêncios amenos, respirações cálidas e a simplicidade das pulsações de um momento. Talvez te sintas feliz assim.

segunda-feira, agosto 03, 2009

Alice

As gotas de àgua também ecoam no tempo...

"A insónia...

Nunca soube como começar. E nem sei o motivo porque te escrevo, nem como te hei-de contar o que talvez não deva ser convertido em facto concreto. Este é um começo enviesado e prolongado nas duvidas da minha existência. Esta folha é talvez o espelho torto e partido onde te questiono sobre o meu reflexo. Sei apenas dos porquês da minhas reticências.
Porque sempre permaneceste no submundo da espera pelas respostas, e as respostas que te vendem são sempre as mais adequadas mas não cabem nas escolhas que queres para ti. E aqui estou eu, com a chave desse mundo discreto que suplicas aos outros. Só eu sei como é o percurso de regresso, quando a ida não tem ainda origem em qualquer espaço do mundo. Só eu sei onde colocar as malas desalojadas de pensamentos antes de adormecer e sei de cor qual a cor da linha entre o céu e o mar onde te posso encontrar. Sei desencontrar os quadros das memórias e espreitar entre as vigas das janelas que nos separam de fora e de qualquer outro alheio lado de cá. Sei construir torres de contradições que te suportem até a um qualquer fim de mundo, para que vejas sem jamais tocar. Sei decorar os preconceitos com mantos negros, para que os toques sem os olhar. Sei flutuar sobre o suspiro que me escolhe como mensageira deste momento. Sei ordenar-te nesta coreografia de linhas sem prece nem preceito. E a dança desta escrita viajante recomeça.
Escorrego a cada palavra, desligo cada silêncio do momento exacto e volto a liga-lo noutro lugar. Assim troco as voltas da tua vontade, servindo-me dos malabarismos da minha mente para te ludibriar. E sim, consigo demorar-te nesses segredos invisíveis que moram na película transparente dos sonhos, dos espelhos e das fantasias. Torno-me a maior fonte do teu prazer inexistente. A límpida e iluminada forma de nunca te servir para nada. O meio de transporte que nunca chega quando não tens que seguir para lado algum. As linhas escritas como cópias de outros sentimentos, sentidos por outras personagens às quais conheces os sons e a cor, e que esqueceste debaixo do tapete longínquo da memória. Torno-me uma vulgar, vacilante e desconhecida ilusão. Torno-me distância perdida entre todas as distâncias. Sou o som sonâmbulo de uma sempre eterna e única música, uma canção repetida.
Depois, solenemente, encho-me de uma velha vergonha pelo que nunca presenciei de ti e escondo-me novamente dentro de algo perfeito e confortável que ainda persista em mim. Só saio à noite, e para te escrever. Só saio com a consciência das vontades. Cresço de mim com esse adubo que fermenta o pensamento e o desentranha das ilusões sempre repetidas. Quero corrigir as formas distantes que constantemente te fogem do olhar e desenhar outros olhos que se dirijam também a mim. Quero-me embalar nessas espirais de outras direcções a perseguir.
Quero, quero e quero e a vontade nada mais faz que alargar o tempo. E o tempo dorme com a paciência enquanto eu aqueço as noites e me esqueço de espera-lo pacientemente.
(...)
Este caminho repete a minha paisagem, certa por não ter direcção e regressar ao sonho que ressoa em mim. Esta carta em começo permanente, quer levar-me sem fim à vista, a um olhar. Não sei como começar, antes de viajar dentro dessa eterna imensidão. Não sei como começar sem antes te encontrar por aqui, nesta morada enraizada entre um pensamento e um coração... "
(Agosto 2006)


E assim, Rita continuava a sua viagem sem nome, transpondo para outros dias as marcas sem tempo que antes a desassossegavam. Curiosamente, o passado tornava-se, aos seus sentidos, um balsamo reinventado, de cada vez que caminhava. Um passo atrás de outro. Um passo à frente... Ou nenhum passo :)

domingo, julho 12, 2009

Um dia...

... ainda hei-de escrever histórias de amor.

sábado, julho 04, 2009

Parabéns Rita :)

terça-feira, junho 30, 2009

segunda-feira, junho 29, 2009

Nem Deus nem Senhor


Nem Deus nem senhor - Jose Mario Branco

"A luz é tão cega
Que nunca se entrega
Só se deixa ver
Numa razão de ser
Sem sequer entender
Os olhos que a vão receber

E o rasto que fica
É uma coisa antiga
Que a gente tem pr´a dar
E só pode encontrar
Quando morrer a procurar

Salvo pelo amor
Só se pode ser salvo pelo amor
No sentido perdido ganhador
Não tem Deus nem Senhor
Esta dor
Anda à solta por aí
Que eu bem a vi
Ai, se eu pudesse parar
Se eu vos pudesse contar

Salvo pelo amor
Não existe derrota para a dor
Com o seu capital triturador
Não tem Deus nem Senhor
É simplesmente dor
Que é o que faz questão de ser
Sem entender
Que a vida toda surgiu
De um sol que nunca se viu

Nem sei se existe "

José Mário Branco
(do CD "Resistir é vencer")

segunda-feira, junho 22, 2009

Serve o tempo...

...despendido neste post para dizer que não tenho mais tempo para aqui escrever.
Por enquanto.

segunda-feira, junho 08, 2009

As frases

"A arte salva. Salva a cada desilusão, a cada choque, a cada ferida, a cada desespero. É respiração boca a boca. Eu hoje fui salva."
Claudia Portas



Num dos meus passeios pela Internet, encostando o olhar entre páginas das mais diversas naturezas, blogs, twitters e afins, veio ao meu encontro uma frase que toca a realidade que vou vivendo nos últimos tempos. É por estas e outras frases - e outras linguagens que vão aparecendo e traduzindo nos sentidos - que gosto e atribuo significado à palavra coincidência. Coincidência será assim o eterno retorno à descoberta do que reside, resiste, transforma e nasce em mim. A graduação para o que me rodeia.

Stranger than fiction


Retirado de
www.artofthetitle.com

sexta-feira, junho 05, 2009

No dia do ambiente...

... uma sugestão:

1º REDUZIR, seguidamente reutilizar e só depois reciclar, sem tentar inverter a ordem.

(porque será que ensinam muito pouco disto em muitas das escolas??)

quinta-feira, junho 04, 2009

segunda-feira, junho 01, 2009

quarta-feira, maio 20, 2009

Lugares comuns



Vagueando pela net...

Apelo

Não respondes, por ti próprio,
Ao meu apelo,
E as linhas que em ti escreves
São sempre sobre outro
Pesadelo.
E eu
Encolho-me com a ideia de não te ver
Chorar,
Nem de me ver nas folhas em branco
Do teu olhar.


Sonhas o céu que um dia já vi,
E corres para a vida que
Espera ao teu lado por ti.

(2000)
Novamente retirado de uma gaveta esquecida

terça-feira, maio 12, 2009

sexta-feira, maio 08, 2009

Do baú...

Rita escrevia, então, simplesmente e sem objectivo. Sem aparente sentido ou sem pretensão. Escrevia no silêncio, inocente, como se os pensamentos lhe saíssem dos dedos:




"Quem disse que a vida é triste e vazia?

Horizontes inexistentes separam o mundo da vida que lá se vive. Falta de procura, falta de encontros.
Que seria de mim se não me encontrasse com ninguém?...
Pobre de mim, pobre alma, pobre destino, pobre vida.
Que seria de mim se não me encontrasse comigo própria?
É interessante reparar na minha própria vida, reparar que a minha entrega aos que mais amo em nada mudou, que o sentir continua a existir, que o pensamento não se desvaneceu.
Continuo a ser eu, porque me descrevo como o sendo, e no entanto "mudei".
Reconheço-me melhor nas minhas mazelas, nas minhas escolhas, nas minhas decisões e na consciência que tenho das minhas indecisões, no que faço e no que não faço por não saber como fazer...

E estar com gente. Não apenas gente, mas gente com quem gosto de estar, com quem posso simplesmente estar, sem mais porquês, nem esperas, nem desilusões, ou ilusões... e... se... mesmo assim...(com tudo isto) também com a indefinível amizade - palavra que parece ser pequena para que o que comporta.
Vieram-me à poucos dias bater ao pensamento as seguintes palavras: "o meu melhor talento é "amar" pessoas que têm um enorme talento". Essas pessoas. Gente igual a toda a gente... As ditas pessoas especiais. Realmente e simplesmente especiais para mim: grandeza de coração, sensibilidade de alma, sinceridade de entrega e vida, muita vida... Pessoas que brilham no meio do próprio brilho mas que não se esquivam nem têm medo da escuridão, porque também ela as acompanha e acolhe sem as magoar (a escuridão não é necessariamente má - não existe bem ou mal na exaltação dos sentidos). Sabem o que quero, o que vejo, o que sinto, porque o pressentem. Porque também se reconhecem em si e porque os seus olhos dizem com toda a essência o que não se diz e o que dito ou escrito parece banal mas não o é. Gente igual a toda a gente...

Tenho a sorte de, não sei bem como, os amar e conhecer.
Esses seres de outro mundo, um qualquer mundo, este..., o meu mundo. Esses seres do mundo, são essenciais para que eu "respire", para que eu "ande", para que tenha sorriso... para que o olhar brilhe, mesmo que as lágrimas dos mesmos olhos, não me deixem por algum outro motivo ver. (Outubro 2000)"



O tempo espelha-se e os olhos voltam (sempre) a brilhar.
O lugar não mudou muito. Mas o mapa é já outro, entretanto perdido e envelhecido, remetido à memória de alguma gaveta de escritório. As estradas reconhecem também outras paisagens, talvez outros destinos, mas param (curiosamente), volta e meia, nas mesmas encruzilhadas. A eterna sensação de voltar a casa, mesmo que a mente teime em nos afirmar que a casa já não existe.
"(...)no fundo somos simples. Mas só no fundo."
E mesmo que só em alguns momentos.

terça-feira, abril 28, 2009

Manhã

"Estou
e num breve instante
sinto tudo
sinto-me tudo

Deito-me no meu corpo
e despeço-me de mim
para me encontrar
no próximo olhar

Ausento-me da morte
não quero nada
eu sou tudo
respiro-me até à exaustão

Nada me alimenta
porque sou feito de todas as coisas
e adormeço onde tombam a luz e a poeira

A vida (ensinaram-me assim)
deve ser bebida
quando os lábios estiverem já mortos

Educadamente mortos"


Mia Couto em
Raiz de Orvalho e Outros Poemas

domingo, abril 26, 2009

Só mais um pouco de espera...

terça-feira, abril 07, 2009

Respiração mental

Poder saber de onde vem a ansiedade que se vai intrometendo entre os impulsos já mecanizados da respiração. E de repente sei que respiro e questiono o ar que de novo entra em mim: "por onde andaste e que outros seres percorreste já, para me fazeres sentir assim?"

sexta-feira, abril 03, 2009

Quando não oiço...

O "meu" "outro" "amor" está calado.
Demasiado calado.

segunda-feira, março 30, 2009

Curiosidades...

Como desconhecidos se descobrem e se vão encontrando e reencontrando entre coincidências. Ou como eu gosto de coincidências. Tal como gosto de noites com lua cheia, de leite condensado, de bossa nova, de danças, de bom tempo e às vezes de repouso...

quarta-feira, março 25, 2009

A verdadeira máscara


reinventado o passado no presente

...

É o cansaço que me vence de novo. Temporariamente...

sexta-feira, março 20, 2009

O que trago de Faro

Entre muitas coisas, desta vez (na quarta-feira passada) foram também "rosas":

E afinal, se calhar, também eu tenho amigos :)

Recebi o Testemunho. Entregue pelas mãos da Trama, pelos olhos de Catarina.
Primeiro livro à mão, pagina 161, 5ª frase (como um endereço ...)

"Decorreu ano após ano e Goldmundo parecia ter esquecido que outra coisa havia no mundo além da fome, do amor e da fuga silente e sinistra das estações; parecia ter mergulhado por completo no primitivo mundo materno dos instintos."
(Heman Hesse - Narciso e Goldmundo)

Segue para mãos, pfg, andré , Baeta e D. (se por acaso estiverem por aí...)

Surpresa!!!

A corrente continuará ... logo que chegue a casa.
Lembrem-me para trazer os livros comigo...:) (porque me fazem falta... em muitas circunstâncias...).

quarta-feira, março 18, 2009

Carta

"Minha querida Fata
Dizem que morri, mas apenas mudei de morada.
Esvaziei-me dos sítios onde depositava as esperanças e contradições.
Parti para parte perdida no mapa, por não mais poder regressar à casa agora trancada, onde acumulei o pó e o tempo (...).
Algo se desassossega por aqui.
O que fazer das linhas trancadas nesse outro país distante, agora que não as faço existir?
O que fazer dos pedaços de sentidos que ali ficaram perdidos? (...) Deixo-te por herança paixões e inseguranças (...). Faz-las viver, ainda que longe, talvez na esperança de que alguma gota regresse ao mar que a espera, ou ao olhar que a viu partir. Talvez algum outro olhar também a queira receber.

Um grande abraço
Saudades
Sempre
Rita"

Há...

Dias onde algumas palavras passam a não ter muito significado. Momentos onde a luz vai escorregando para nos avisar que estamos a viver pela primeira vez. Vazios que continuam a ser vazios mas trazem a vontade de se preencher, e não existem por si só. Vontades que desconhecem o sentido da palavra vontade. Conceitos que podem ter muitos sentidos. Presenças constantes que nos fazem sentar e levantar do sofá. Sonos atrasados por se cumprir. Sede de aconchegar-me na tarde, acompanhando uma suave melancolia. Um copo de vinho tinto que saboreia o tempo e os sentidos. E ainda, sempre, as palavras como prenuncio de silêncios que falam comigo. Até que alguma outra página se solte dos nossos livros... :)

sexta-feira, março 13, 2009

Para não questionar

jkgvkbdvbjkpwnsjhfwkjebpensarbgjhvg gbjdsjhggjgjhfvv hfgshjfgjhEgjhgbemHHGFJSDGhjkqgdcontraMAOGTYDDFHD ...............

Por questões que desconheço

Tenho medo. Tenho vontade de criar de novo.

quarta-feira, março 11, 2009

...



E falando em grandes talentos e etc... :)

Meia hora

Meia hora de olhos fechados, para me voltar a ver.
Certo?

terça-feira, março 10, 2009

At last



Um dia, "at last" quem sabe... :)

P.s. A voz

quinta-feira, março 05, 2009

Entreajuda

Ele disse :

" ... ela dá-me pizza e eu dou-lhe cigarros!"

terça-feira, março 03, 2009

Ontem...

...sonhei com vocês!!!

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Inconsequências

Este silêncio é como o suspiro de um pensamento em branco quebrando com o peso imensurável de todos os vazios, quando abro a porta de casa.
Um sentido disperso, tresmalhado, alheio aos tumultos e batimentos apressados do coração.
A mão no peito para sentir, a mão para medir, a mão confrontando e consolando o sorriso e a solidão. A mão sem sentido para socorrer preces que surgem abafadas pelo silêncio. Percorrer a pulsação. O ostinato dos pensamentos em ritmo de bossa nova.
A luz estanque. Pausa no encadear de ideias que persisto em querer deixar marcadas na tua vida. As mesmas palavras. Uma nova ordem nas palavras que te quero dar.
A memória descarrega imagens em perspectivas privadas e abstractas.
O sol escorregou em câmara lenta na trajectória impotente do céu morno sem saber como regressar. Recolheu e ordenou os pedaços rasgados do passado. E respirou com um só sopro.
Entrou em casa e fechou a porta.

terça-feira, fevereiro 24, 2009

domingo, fevereiro 22, 2009

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Ouvi hoje na rádio

"Só há duas emoções na vida: o medo e o amor".

ou como alguém há muito tempo me disse...
"... tudo se resume a amor e morte".

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Título:

"O fantasma sai de cena"

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Personificação e uma "simples" janela


Estava certa de te ver
Espreitando pela janela do amanhã, ou mesmo pela fresta.
Mas o amanhã não existe
Ainda

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Queres falar comigo?

Também

Dizia-me em sonhos:
"Também quero ser casa..."

(sobre a analise casual da raiz de algumas palavras)

Trabalho de casa

Silêncio lento alento pensamento.

Troquem
agora
tudo
como
contadores de almas.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Competição vs Cooperação

Dizia-me em conversa:
"(...) enquanto continuarem a falar em competição - como sempre fazem - e não em cooperação, nada há-de mudar."

domingo, janeiro 11, 2009

Quando nada se tem a dizer, nada se deveria dizer (e o mesmo atende no que diz respeito ao verbo escrever)

sábado, janeiro 03, 2009

Cinderela

Estou

Estou irremediavelmente apaixonada pelo mundo (um dos muitos que existem, pelo menos).

quinta-feira, janeiro 01, 2009

2009

será um bom ano para:
-
-
-
-
-

(preencher os espaços em branco)

quarta-feira, dezembro 31, 2008

Hoje...

... numa televisão perto de mim:

- When Harry meets Sally
- In the land of women
- Ensemble c'est tout

e ainda revi mais uma vez:

- Jeux d'enfants
:)

sexta-feira, dezembro 26, 2008

...

VIRA OS CANTINHOS DA BOCA PARA CIMA!!!!!!!!

quarta-feira, dezembro 24, 2008

1 mês...

... certinho! E as palavras voltam a rolar e a concretizar coreografias peculiares e bizarras, apenas dentro de mim. Prestes a sair para os espaços brancos... Em breve... Mais uma vez em breve... Neste momento dedico-me com maior atenção à escuta de outros pensamentos, almas, emoções. São afectos que também dançam em mim.

P.s. Já me esquecia... Bom Natal...

segunda-feira, novembro 24, 2008

Distâncias

E com tudo isto deste lado e tudo isso desse vosso lado, já se viveram duas ou três semanas. E que saudades de escrever de novo... (adiando o tempo mais um pouco).

quarta-feira, novembro 05, 2008

Sintomas

- Taquicardia (recorrente)
- Afta (imprevisível)
- Dores no pescoço/ombros (duro duro duro)
- Impossibilidade de organizar TUDO como gostaria (alguma sensação de descontrolo ou de demasiadas tarefas a cumprir)
- ...

segunda-feira, outubro 27, 2008

sábado, outubro 25, 2008

?

"Não quero estar sozinha?? ou não quero ser sozinha??"
Decide-te rapariga :)) Se é que para isso tens poder para concretizar alguma decisão...

segunda-feira, outubro 20, 2008

Retratos de um dia I


Não é lugar comum descrever por estas andanças os pormenores, cores e sensações dos dias que por mim passam como se de um quadro (mais um para pendurar) se tratasse. Normalmente assumo uma posição mais dispersa e subjectiva. Alheia a horas e a descrições mais rotineiras. Mas também sou produto do que se torna rotina em ritual e hoje quero, VOU, contar o meu dia, feito de “momentos felizes”. E hoje estou feliz por, aparentemente, pouca coisa :).Hoje, percurso normal entre um acordar igual aos outros, um pequeno almoço tomado fora de casa, igual aos outros, diálogos “internautas”, com os amigos que apenas ficam distantes em espaço e em saudades, e fichas de trabalho para dar “trabalho” aos petizes, igual a outros. Num almoço pouco eficaz (nota mental: “uma sopa não te alimenta o suficiente!!!”) e pouca energia para a labuta que se segue pela tarde. O representar no palco onde o giz desenha letras e onde se cantam algumas canções. Hoje, igual a todos os outros, desenho afectos e ensino notas de música a olhares brilhantes, bocas faladoras e endiabradas mas coloridas pela paixão de querer ouvir, contar e acreditar em algo, e fazer-me sorrir no percurso de tudo isto, mesmo sem energia. Mesmo que o cansaço me lave de pensamentos e acções. E depois ouve-se o toque, arrumam-se as cadeiras, e sai-se para fora. Hoje, carreguei sacos de livros e rádios portáteis e dossiers e um guarda-chuva (para o dia em que não choveu :)). Guardei-os no porta-bagagens e conduzi rumo à estação. Depois, inesperadamente tudo segue em nova forma.

Hoje recebi uma mensagem de um gajo bom (vulgo Homem Lindo). Confirmação. De novo segui para a estação para encontrar a A. ;)(vulgo Amiga Linda). A partir daqui, o dia ganha nova dimensão. Estes dias têm sido como que um enriquecer de alma para mim. Estes breves momentos reinventam em mim o usufruir de lugares, sabores, diálogos, a muito boa companhia, etc, etc. Estes momentos são um reencontro em mim. E é tão simples torná-los em “momentos felizes”, basta vivê-los. E agradecer a quem os proporciona. Basta olha-los como uma outra parte de nós, aparte da que acha que não existe lugar para esta outra, onde os horário não são uma imposição e onde os lugares são todos possíveis de se explorar e saborear, porque existem. Apenas chegar à conclusão que essa parte se enganou. Sim é possível desfrutar deles, basta fazê-lo. Enquanto o dia se faz noite e caminhamos pela cidade que ao pouco e pouco vai encerrando, planeamos futuros roteiros, descobrimos estranhas formas de flores escondidas entre a espuma de uma meia-de-leite, saboreamos comidas enviesadas com conteúdos inesperados. Falo de mim, e a A. ouve como só ela o sabe fazer, e acreditem que por vezes com muita paciência (porque até a mim mesma me apetece socorrer quando o cansaço me faz falar sem parar, principalmente porque gosto mais de a ouvir, do que me ouvir a mim própria a discursar) trocamos de lugar (queria ter sido melhor ouvinte) e estou feliz. Ultimamente são as coisas “simples” que me fazem mais feliz.

Depois é tempo de voltar a casa. Tenho no pensamento escrever sobre as tonalidades da tarde (“vou escrever A. vais ver depois” (…) “ hoje recebi uma mensagem de um gajo bom :) e vou escrever”). Imagino que o possa fazer sem floreados, de um modo concreto e directo, talvez utilizando o humor que utilizo no dia a dia, mas agora fica provado que a prática me demove de escrever de uma outra forma. Talvez um dia... Por hoje, cabe ainda o prazer de receber um postal da terra encantada (Açores) onde as letras da saudade são escritas também por mãos especiais e os meus olhos as lêem com um sorriso nos lábios (aproveita :)ainda havemos de te ir visitar). Cabe ainda um pouco do ego elevado pela recepção, ao chegar a casa, de uma excelente avaliação, numa já distante andança em formação profissional.

Para terminar cabe-me o prazer de escrever. Dito isto, é tempo de tardiamente jantar, entregar-me aos planos de outro dia, abandonar-me ao aconchego da leitura e finalmente adormecer.

Para a semana há mais A..


P.s. eu sei que é só uma mensagem mas gostei de a ter recebido ;) tudo de bom. SEMPRE :):):)

Os trinta





















Estou indecisa! Não sei, dos meus trinta, qual destas fotos e das duas versões é a mais representativa. :)

sábado, outubro 11, 2008

Decoração

Tenho muitos sentidos (deixados pelos últimos dias) a pendurar e a escrever na parede, sentidos que gostava de recordar. Queria listá-los para que a memória não me traia (sempre tive uma ainda grande obsessão por listas e modos de organização...) e para que os possa trazer sempre em mim, como uma aprendizagem. Como parte nova de mim. Mas hoje não vou cumprir esse desejo. Vou deixar fluir este outro momento e deixar a decoração para depois. Vou usufruir dos desejos que foram e estão a ser cumpridos entretanto :) Vou descansar e deixar-me estar. Simplesmente.

:)))))))))))

Amo sorrisos
Os meus
Os dos outros
Os que dos outros se tornam meus

terça-feira, outubro 07, 2008

3 x ...

Lendo-me de mim para mim, tenho a sensação de que estas linhas por vezes se limitam a facetas demasiado líricas de mim própria. Facetas que nem sempre caminham na mesma direcção das escolhas que esperava tomar para mim... ... ... Um dia vou, se o acaso ou o tempo ou outra qualquer circunstancia permitir, escrevinhar sobre isto ... ... ...
(Devo estar a viver, sem me aperceber, vidas paralelas. Certamente!)

terça-feira, setembro 09, 2008

...

Sinto-me extremamente ansiosa hoje! Não consegui descobrir ainda qual a causa.

domingo, setembro 07, 2008

"Libertango"

















...

...

...

...


Eis o que faço numa tarde melancólica e sossegada de domingo. Exorcizo todas as minhas "frustradas" paixões, tornando-as reais (pelo menos por momentos): a dança, o drama, a fotografia, a escrita, a música. O que um tango consegue fazer!!! :) Momentos de puro prazer.

Como ser feliz (ou breve crónica de uma noite repetida em branco)

Deambulavam corpos perdidos pelas ruas da cidade. Copos vazios, conversas perdidas pelas horas, desejos de continuar. O abrigo momentâneo de casas acolhedoras. A vontade de continuar. As cordas de uma guitarra. Olhos desencontrados colhendo palavras ditas por outro olhar. A voz sóbria de uma guitarra em sons dispersos que vagueavam dentro de nós. Dedos dedilhando a guitarra, dedos dedilhando dentro de nós. E a voz que se perdia por dentro. A vontade de encontrar. Mãos vagueando, inocentes, por mãos alheias. Braços que se tocaram. Guitarras que se tocaram dentro de nós. Mãos nas mãos. Braços em forma de abraços. Vozes sussurrando dentro de nós. Olhos perdidos e sorrisos derramados. Olhos perdidos nos sonhos do outro lado de nós. Sorrisos sossegando o sonho. Cordas de uma guitarra distante acordando os sonhos que fizemos de nós. Mão na mão. Beijos abertos pelo afecto. Beijos nascidos dos sorrisos dentro de nós. Beijos sossegados pela razão dos sonhos. Cúmplices beijos repousando nas dobras das nossas mãos. Puros afectos sem tempo nem embaraço. Beijos como agasalhos sem tempo nem transgressão. Amizades compreendidas em gestos inesperados. Silenciosas e inocentes promessas de verdade. Passos pela cidade nua e calma, sem sombras nem ilusão. Passos cúmplices em palavras de regresso sossegando o coração. Agasalhos feitos de abraços. Vozes trocadas entre as mãos, e os olhos e os momentos sem tempo. Trocas de afectos entre os beijos e os sorrisos, escorregando pela rua, com passos em contramão.

E a despedida sem nome, em forma de reencontro. As guitarras distantes. O regresso a casa desenhando passos sonâmbulos, serenos e lentos. As mãos ainda quentes.
O regresso desenhado pensamentos. Os sorrisos que deixaste por dentro.

Os sorrisos renascidos, como beijos, calando pouco a pouco a solidão.

(07-09-08)

sábado, setembro 06, 2008

sexta-feira, agosto 29, 2008

Curiosidade

Doce, ténue, pálido, sagrado

Doce, ténue, pálido e sagrado segredo,
És frágil por não desejares viver sem medo.
Sobrepões os lugares, os dias e os anseios à tua vontade,
Sobrevives sem pulsação.
Idades sem contagem, tempos sem duração.
Tens o empenho dos desejos por cumprir
Alheio aos sons, ao olhar, ao toque, à pele nua,
Ao sopro do vento quente que soletra desencontros enquanto corre contente pela rua,
Ao sangue frio que derramas enquanto descuidas o que amas.
Sofres a solidão em rascunhos de relações desaprovadas,
Resquícios de outras histórias com sobras de uma ilusão.
Semeias culpas inseguras em noites inacabadas,
Regressos a casa sem planos para partir.
Compões harmoniosos prelúdios que morrem sem se tornarem canção.
E depois de em ti serem consumadas todas as incertezas, todas as vaidades,
Todas as inquietações,
Todas as verdades,
Nasces de novo.
Voltas a sorrir.

(Agosto 2008)

sábado, agosto 09, 2008

A primeira manhã

O despertador não me procurou desta vez. Revi aos poucos os traços da noite e a luz fresca que ansiei desenhar na memória da ainda imaculada e inocente manhã. Nada de admirável sobreviveu por aqui que vos possa contar. Sonhos sem sobressaltos que acabei por esquecer e o desejo de sonhar lavado com o abrir de olhos. Roupas atiradas para cima de um sofá, ao acaso, e um dia para completar peça a peça até que a noite regresse para me saudar, indiferente, ou por algum atalho da minha imaginação, com um beijo. É fonte do meu desejo este ambivalente olhar entre as rotinas dos mecanismos diários e a pausa que surge do outro lado do silêncio, que me esquiva dos pensamentos. Lentamente me ponho em pé, ando, abro a porta, lavo a cara e seco as mãos. Paro. Para onde mais me hei-de voltar? Escorre pela pele o atalho secreto dos sentidos que tracei para mim.
Por baixo da porta um recado:
Espera por mim, estou desejoso por te ver de novo.

(Jullho de 2008)
(referente ao tema "desejo" na Minguante - revista de micronarrativas nº 11)

domingo, junho 08, 2008

Resolução

O silêncio sussurrou-me
suavemente ao ouvido
cansado
de esperar
pelo que virá para o substituir...

domingo, dezembro 02, 2007

terça-feira, agosto 07, 2007

À luz do dia









Num passeio matinal e casual pelo centro de Lagos, acabei por redescobrir esta colecção (incompleta ainda) de candeeiros, escondidos pela luz do dia, a altura onde se instalam, a confusão alegre das pessoas que povoam nesta altura as diversas ruas e os olhares pouco atentos ao que vem de cima.

sábado, agosto 04, 2007

terça-feira, junho 19, 2007

Com a luz de um amor perdido

Sento-me agora no lugar mais escuro de mim própria, para que a luz o consiga enfeitar. Sugiro no pensamento algumas sombras projectadas por essa claridade extrínseca, construindo murais de histórias, e crónicas suprimidas. Faço-o para reconstruir páginas brevemente escritas no dia a dia. Para oscilar e deambular entre os contos da realidade e da ficção. Faço-o para te contemplar. Talvez para reavivar ou construir novas recordações. Só assim consigo abordar a tua imagem, agora defendida pela memória, a real imagem, livre dos pressupostos do desejo e dos ornamentos que, dia após dia, fui editando. A luz baça. Filtro das histórias repetidas, construídas, aguardadas, desacertadas, todos os dias. A repetição das respirações dos que nos rodeiam. O contorno da pele dos que se sentam no café ao lado de nós. Os olhares que caem constantemente ao chão. E os passos que voltam a repetir-se nesse mesmo chão. Os relógios imaginários sobrepõem-se ao pensamento. Um tempo longínquo tanto se constrói estanque como velozmente se esvai dentro de nós.
O tempo.
O regresso a casa sem qualquer outra companhia.
O momento em que mudaste de cidade.

Ou talvez tivesses morado de direcção na estrada. Ou mudaste de amor.
Ou o tempo quebrou-se enquanto chegava a casa e desordenou todas as coordenadas da tua localização.
As linhas ordenam-se com regressos ao presente de outros dias. São remendadas as verdades prematuras e disfarçadas convicções ancestrais, apelidadas pelo verbo amadurecer. São imóveis os momentos da mudança dos ventos, porque não te movimentam mais em meu redor. E voltamos ao lugar mais escuro, onde a luz penetra com agilidade, onde nos despedimos até a um mais ver.
És, talvez, amor sem encontro, sem procura e sem intenção. Sem olhar, fingido cego e aparentando casualidade, guiado para o querer ver.
Desenho abstracto de uma luz que descende de um outro tempo.
Sabor enevoado de um banquete sublime à luz de uma lâmpada já apagada.

(Junho 2007)

P.S. A produção escrita escassa por falta de net e de outras condicionantes alheias à minha real vontade. A minhas desculpas aos meus visitantes e amigos, que me acompanham sempre, mesmo quando as distâncias não me trazem a esta esfera. Obrigado, obrigado, obrigado sempre.:)

domingo, abril 29, 2007

O caminho instintivo

Domingo. O dia acorda cedo e sacode restos de sonhos de uma noite folgada. Surge a ideia ainda incerta e ensonada de nos fazermos à estrada. E a ideia faz-se acção.

O carro percorre sem pressa o caminho. Poucos são os que se cruzam por nós. Instalo-me sem pressa no conforto de um passeio sem tempo a cumprir, onde o propósito é receber o que a terra tem para dar, instalar-me discretamente como parte do toda a paisagem que vou percorrendo.

Falamos de muitas coisas. Trocam-se ideias sobre gentes e terras, o bem e o mal que vem da exploração dos recursos e da natureza, o bem que nos faz o cheiro do mar e a paisagem ainda poderosamente ingénua por ser quase intocável, ainda…Discutem-se, pacificamente e sensatamente, os estados da vida que nos vai rodeando e que ultrapassamos na estrada. Meia dúzia de minutos ou aquilo que os sentidos nos sugerem como momento intemporal ou será ainda o tempo que se esvai através das palavras que se vão trocando pelo caminho… E o caminho percorre-se… junto à paisagem, às palavras, ao sossego, ao silêncio.

Sente-se o silêncio, o que fica por detrás do silêncio. E chegamos finalmente ao lugar secreto (que em fé espero tornar-se realmente secreto para que perdure no tempo e no espaço). A manhã esteve clara, calma e aconchegante. Pelas ruas quase desertas passeavam luzes quentes que o sol nos dispunha e a sombra que lhe completava. E alguns turistas também, acho. Tentei fotografar, sem sucesso, as imagens que se desenhavam das ruas estreitas e as cores e os sons que por ali iam passando mas por vezes não há melhor retrato que a futura memória que um momento retém no nosso olhar, esse sim, nestas altura, infalível e multifacetado, porque recolhe todos os outros sentidos e os associa a emoções. A meia de leite soube-me bem. A viajem ao longo do vale também. Ali onde se tocam o Algarve e o Alentejo, a ribeira e o mar, o verde e o branco, a pedra e a areia, as contradições que se completam e se transfiguram num só desempenho. Entre o céu e a terra, todas as fronteiras de um só lugar. Um óptimo exemplo de convivência para a natureza humana. Ali repreendi a redescobrir algumas das lições mais básicas da nossa composta (e algumas vezes simples) existência. Espelhar-me nesse lugar, como em tantos outros por onde passo e passarei, agarrando a consciência da sua múltipla existência em mim.

E de novo, serenamente, voltamos a casa de alma lavada, prometendo intimamente continuar a sentirmo-nos assim.

domingo, março 11, 2007

O silêncio de um fim de tarde


E sustentam tantos sons estes momentos... estas imagens... estes pensamentos....

quinta-feira, dezembro 28, 2006

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Linha sem tempo

Aos poucos vou deixando cair no chão algumas das minhas envelhecidas vontades.
Perdem-se, de tempo a tempo, os desejos mais apetecidos.
Soltam-se somas pesadas das recomendações diárias que o mundo me sussurra constantemente. E essas nossas verdades assumem contornos dispersos. A contagem dos minutos transforma-se no mais ausente dos meus sentidos. Aceito-me, com prazer, na imensurabilidade dos meios-termos, o novo mundo das intensidades secretas que se concebem entre os opostos. O reviver cada dia de uma só vez. Criar o momento mais concreto, escondido para outros sorrisos, entre o tudo e o nada. A calma de saber existir.
Existo e persisto.
Os dias contornam-se com novas formas e preenchem-se com outras tonalidades.
As linhas largadas, esquecidas e estagnadas em folhas revistas e rasuradas pela demora, já não te perseguem. Os teus rascunhos de um tempo futuro não pertencem a esta nova forma de me traçar sem tempo.
Deixo contigo a demorada despedida e a mala cheia de toda a roupa despida depois de te ter beijado de novo.
Abraços que se perdem junto a lágrimas que ainda teimam em persistir dentro de nós.
Os olhos nublados que ganham um eterno tom cinzento.
Resistir às lágrimas como se o corpo tivesse vontade própria.

segunda-feira, novembro 13, 2006

quarta-feira, novembro 01, 2006

Pergunta-me

"Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minutos da cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue

Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos

Pergunta -me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente

Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer"


Mia Couto
Raiz do Orvalho e outros poemas
Editorial Caminho, lisboa, 1999


Enquanto preparo novas palavras... em breve.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Pergunto-vos... ( II )

Quais são as variantes do medo?

quinta-feira, outubro 12, 2006

Saudade de um quase nada

Quando o prazer sagrado se torna amor desprezado.
Quando o mar se esbate e a luz é mate.
Quando amantes apressados regressam dois a dois
E não existe ainda o depois,
Quando o cansaço repousa num beijo
E o medo se entorna no desejo,
Quando sorrisos se abrem em olhos sem cor
E a vida se sobrepõe ao pudor;
Tudo é mentira e tudo é verdade,
E sente-se na indiferença a saudade.



P.s.: A vossa atenção para "este lugar". A ler os links para mais informação. Eu subscrevo e agradeço a iniciativa.

quarta-feira, outubro 04, 2006

quarta-feira, setembro 20, 2006

Meia hora numa estrada sobre o mar

Meia hora é o tempo que demora o passado a passar.
Durante esta meia hora a espera insiste em pedir-me mais um segundo, um instante para repor todos os outros instantes. Um momento para viver em lugar de todos os outros momentos. Prece que se constrói com imperceptíveis sensações para colocar sobre a desilusão. E eu desculpo-me com a falta de sonhos e permito que a razão me destrua os pensamentos e magoe as recordações. Durante esta meia hora espero que o tempo discuta comigo e se vá embora, deixando de novo as ruas secas e desprevenidas, permeando algum encontro desimpedido de culpa. Durante uma hora pela metade, conduzo em caminhos que não levam consigo mapas ou destinos, apagando a cada distância os mais concretos sentidos e realidades. Durante meia hora o céu mais cinzento torna-se trajecto raso onde correm percursos esquecidos e imaginários perdidos. Desfaz-se o que é seguro. Espera-se o inatingível, sempre adiado pelos acasos e pela morte. O tempo sussurra vontades maiores que o próprio mundo, a alma surpreende-se e faz-se a si própria de novo, reinventando-se demente. Não se pode pensar, nem se quer sentir. Mas sente-se. Durante todo este tempo sobretudo sente-se. Tudo se inquieta languidamente entre as paisagens que me acenam constantemente fora da janela do carro, salpicadas de chuva ténue e alguma solidão. E o tempo continua a sentar-se ao meu lado, alguma vezes em vão. Passam presenças que entre tantos enganos resolvem permanecer por aqui. Passam afectos sem fundo e a certeza segura no olhar trocado entre os dois. Passam mil formas de me esquecer do depois.
Meia hora é quanto demora o ruído da máquina que escava os alicerces da sorte. Meia hora apenas e o tempo novamente foge.
Meia hora foi o tempo em que me viste em contramão e sem sombras nem porquês. Foi quando estacionei as esperanças contra a um sonho ainda sem fim, numa estrada com luar. E foi durante esse tempo que me fiz música e mar.
Meia hora feita lugar de passagem e repouso sobre o céu de todos os dias. Meia hora para o olhar se espreguiçar sobre uma janela fechada, para acordar ventanias, para percorrer nova estrada.
Meia hora entre o desassossego de passar entre o instante em que chego e o que serenamente me deixo ir. Antes que o tempo chegue a algum destino sem fim, tudo passa em mim sensivelmente em pouco mais que meia hora.

(Publicado no DNJovem em Janeiro de 2003)

terça-feira, setembro 12, 2006

sábado, setembro 09, 2006

Pergunto-vos... ( I )

"- Como vai, por aí, o amor?"

terça-feira, agosto 29, 2006

Nova passagem para outro tempo


Vou passear entre os tempos e os espaços, como em florestas onde se escondem as visões da felicidade.
Espero colher anonimamente os sons silenciados pelos sorrisos escandalosos; os risos desconhecidos e descarnados das crianças sem idade. Vou entrelaçá-los num ramo de ilusões para ofertar aos meus sonhos. Oiço distantes, os passos rasos dos nossos dias descalços pela esperança, impermeáveis à sorte e eternamente esquecidos, os toques vencidos pela morte e pelos dias. Olhares passados e recortados por outras estradas e outras esquinas. Estes não servem para presente. Procuro outros sentidos que me espreitam distraídos a cada pé assente no chão, o mais puro momento tecido pelo infinito de outro coração.
Quero a planície nublada que não vê a luz das estrelas por mergulhar dentro delas e persisto no caminho pela manhã inerte onde sobrevive solenemente uma neblina desfocada e quente. Continuo o percurso através da pele suada; memória fugidia que rodeia a ideia de se rever no reflexo de si própria, tremendo de frio. Encontro um espelho parado que me olha de volta temendo o vazio. Fim do caminho. Fim da linha que limita a geometria da paixão. Retorno a casa.
Volto a ser mulher sem olhar perdido nem andar prolongado. Vivo a hora em que o tempo se desfaz e se faz vento no espaço apresado e só; lamento apagado pelo ar que me acompanha e desfaz a cinza e o pó. Trago o cansaço do corpo e o beijo da alma.
Só mais tarde eu paro, revejo e desejo o reverso lento da cidade por onde passei. Camelot dos meus sonhos mais profundos onde endurecem as lágrimas que secam o segredo do mundo. E escrevo este mapa de tesouros desencontrados para me achar de novo na manhã de um novo tempo, num outro espaço e outro pensamento.
Todos somos os lugares que pisamos e respiramos a pele que nos serve todos os dias de passagem.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Sobre estrelas...


Última noite de feira do livro na cidade de Lagos, de regresso a casa com um saco de livros na mão. Edições lidas, perdidas no tempo e de novo repostas na minha biblioteca da memória. Algumas novidades.
De novo em casa. Folheio sem pressa algumas páginas dos meus recentes tesouros.
A primeira frase com que me confrontei, num céu muito pouco estrelado :

" - As pessoas têm estrelas, que não são as mesmas para todas elas. Para uns, os que viajam, as estrelas são guias. Para outras não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu homem de negócios, eram ouro. Todas essas estrelas, porém, permanecem caladas. Mas tu terás estrelas como ninguém tem..."

Antoine de Saint-Exupéry, O Principezinho
(Vega, 1.ª edição,1994, pág. 91; Tradução de Alice Gomes)

Pergunto-me como serão? ...

domingo, agosto 13, 2006

O fio da memória

Escorre por mim como quem foge de um destino por cumprir. Fio entrelaçado de risos e choros, gostos e desgostos.
O reflexo dos raios de sol que ainda não amanheceram.
Reflecte em mim mares dispersos, quartos demasiado quentes ou planicies de céu, desbotadas e rotas.
Corre apressado, agarrado ao tempo, gastando-se em si.
Até ao fim, permanecendo apenas numa gota.


(Na parede coloco hoje também a minha mais recente descoberta e paixão: fotografar. Formas, cores, texturas e sensações disponiveis em Olhares)

quinta-feira, agosto 10, 2006

Razões para te agradecer

Porque existes sobre os dias enviesados no vazio.
Porque semeias as perguntas através dos olhos que prolongam o horizonte.
Porque descobres folhas esvaziadas de encontros atordoados pela desilusão.
Porque amachucas as páginas que revelam a sombra das histórias inúteis e banais, e os sonhos que todos desejamos acordados.
Porque predizes anos sem vazio no vazio das palavras que caem dentro de ti.
Porque permaneces onde é preciso eu ir para te encontrar, sem dúvidas ou esperas sussurradas pelos relógios dos outros.
Porque me esperas entre as indecisões e os segundos dos receios inacabados, fugindo a cada passo nos pensamentos desabitados das gentes que nos rodeiam.
Porque não revelas os segundos que te separam do tempo e te descobres por dentro e em vão. Porque encontras em cada sossego, um novo pensamento e um novo chão no mesmo incontornável lugar.
Porque os anjos são teus amigos e o céu está longe de nós.
Porque a terra te inventa dentro do dia e te deixa entardecer.
Porque a noite nos embrulha para nos deixar descobertos na manhã crua sem nunca se esquecer de nós.
Porque a escuridão é uma nódoa nua onde se espelha a nossa solidão.
Porque o fim do dia se repete todos os dias em que estamos sós.
Porque eu me agarro à vida cada vez que te visito ao passado prolongado e projectado nas cidades onde o depois quer habitar.
Porque os sonhos não têm sitio onde pernoitar quando o teu calor chega, do fundo da rua. Porque as estradas ondulam quando os teus pés se sentam nelas.
Porque as calçadas se curvam quando sentem a tua miragem.
Porque eu me faço passagem quando te vejo passar.
Porque és cura na ausência de outras mãos que me possam agarrar.
Porque o abraço se derramou pela ternura desse sorriso sem mundo.
Porque este corpo não é suficiente para agradecer a aragem que te faz existir e onde podes suspirar e adormecer.
Porque te vejo na praia dos sentimentos que de mim se espraiam em imensidão.
Porque em ti descanso o grito feito a chorar pela ilusão de me perder.
Porque me faço existir sem te encontrar e talvez te ame, só e sempre junto ao mar.

(Publicado no DNjovem em Dezembro de 2002)

segunda-feira, agosto 07, 2006

Dá-me a mão...

Diz que me amas
No amanhecer do dia
E abraça-me contigo
No abrigo de uma desconhecida vida.
Beija o meu sono e
Embala nas tuas mãos este sonho.
Não me deixes quebrar na solidão
Que em ti foge.
E faz com que o mar,
Sem me olhar,
Me toque ao longe.

(2001)

sexta-feira, agosto 04, 2006

Espiral



Publicado no DNJovem a 4 de Agosto (edição papel - suplemento 6ª - e edição net).

quinta-feira, agosto 03, 2006

Amar

"Amar é vago"
Amar é poeira que nos entra nos olhos e nos faz chorar.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Nomes

Este post é dedicado à Cat, Nádia, Francisco, Pal, Pedro, Carla, Pedro, Ana, Pedro, Paulo, Rita, Adriana, António, Afonso, Mécia, Virgilio, Inês, Zé, Afonso, Agostinho, Elsa, Maria, Roberto, Guida, Margarida, Rui, Fernando, Vera, Iva, Rute, Raquel, André, José, Carla, Anselmo, Bruno, Céu, Cristina, David, Hugo, Elsa, Filipa, Emanuel, Rui, Ricardo, Rui, Eduardo, Samuel, Margarida, Igor, Isabel, Zé, Joana, Carla, Zizi, Vânia, João, João, Jorge, Luis, Pedro, Julio, Rui, Manuel, Margarida, Rita, Matilde, Nuno, Pedro, Beta, Emilia, Paula, Isabel, António, Perpétua, Diogo, Laura, Frederico, Rodrigo, Rui, Hélia, Rita, Rui, Sara, Sérgio, Elvira, Sónia, Tânia, Stelia, Tânia, Vanessa, Vitória, Zeca, Vivelinda, Irene, ..., ... que escreveram e escrevem as páginas da minha memória de todos os dias.