terça-feira, outubro 19, 2010

Tanto se consegue sorrir nos sons e tons das palavras como no silêncio que resta do rasto delas.

segunda-feira, setembro 13, 2010

E assim...

...desapareces.
Na exacta velocidade com que antes chegaste.

sábado, setembro 11, 2010

Letras...

... de um país desabitado e perdido.

Força Estranha



"Eu vi um menino correndo
Eu vi o tempo
Brincando ao redor do caminho daquele menino,
Eu pus os meus pés no riacho
E acho que nunca os tirei
O sol ainda brilha na estrada que eu nunca passei.
Eu vi a mulher preparando outra pessoa
O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga.
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou,
O sol que atravessa essa estrada que nunca passou.
Por isso uma força me leva a cantar,
Por isso essa força estranha no ar.
Por isso é que eu canto, não posso parar.
Por isso essa voz tamanha.

Eu vi muitos cabelos brancos na fonte do artista
o tempo não pára no entanto ele nunca envelhece.
Aquele que conhece o jogo, o jogo das coisas que são,
É o sol, é o tempo, é a estrada, é o pé e é o chão.
Eu vi muitos homens brigando. Ouvi seus gritos.
Estive no fundo de cada vontade encoberta,
E a coisa mais certa de todas as coisas
Não vale um caminho sob o sol.
E o sol sobre a estrada, é o sol sobre a estrada, é o sol."

terça-feira, agosto 17, 2010

Presente

Não tenho canções de amor, nem compromissos, nem sombras de manhãs desertas e ausentes, para te dar.
Não tenho mundos, nem segredos corrompidos, sorrisos descrentes ou lágrimas enlameadas por despedidas, melodias desconcertantes, incertezas impacientes, sussurros condescendentes ou suspiros solitários a partilhar em traços e estradas perdidas. Não tenho gritos que te façam respirar.
Não me aconchegam os romances eternos, não me tocam as memórias de um ou vários infinitos tempos sem tempo. Não me iludem as palavras esquivas que de tão claras e previstas, dançam precisas coreografias pontuadas e coordenadas pela ilusão.
Não existem silêncios desamparados para preencher com o teu olhar.
Não conheço habilidades, tormentos quentes e maliciosos, nem secretas artes mágicas, encantadas e aptas para desejar.
Não conheço essas paisagens de lânguidas contradições, indecisões e ambições que se contorcem no corpo e na da memória das humanidades e as ensinam a sonhar.
Não tenho imagens que contornem as formas concretas de simplesmente te amortecer e te contornar.
Não tenho braços que te sirvam para consolar.
Desapareceram do relógio inadiável de todos os dias, os segundos importados de todas as esperas. Não tenho fugas que compensem a inércia dos toques inertes. Também não tenho mais esperas para te dar.
Não me surpreendem as pequenas e indiferentes gotas de orvalho, já secas, ocas e impotentes, gastas pelo sol que as desprezou.
Não me obrigo a perder sem os mapas dos sentidos distantes e enevoados, partilhados em contramão apenas pela mesma canção recortada e perdida que a si própria se embalou.
Por agora, não tenho casa onde te habitar.
Não tenho corações que batam de modo incomparável e divergente.
Não tenho histórias de amor para te contar.

domingo, julho 18, 2010

Só sou testemunha

do vento que passa por mim e das mesmas palavras que constantemente constroem fortalezas entre o meu e o teu olhar.

quarta-feira, julho 07, 2010

Vontade...

... e subitamente senti uma considerável vontade de escrever. :)

segunda-feira, maio 31, 2010

Preciso reinventar sentidos...

terça-feira, abril 27, 2010

segunda-feira, abril 19, 2010

Segredos

Os segredos do meu silêncio carregam mais sentidos e significados do que todas as palavras que te possa dizer.
Talvez por isso deixe às vezes, por outros cadernos, tantas palavras despidas. É mais confortável guardar segredos nos silêncios do que em qualquer frase visível ao olhar mas invisível às sensações e à emoção. Mas nem sempre o confortável é o real, o verdadeiro, o que tem qualquer sentido.

segunda-feira, abril 12, 2010

Regresso

São as palavras que se dão a outros espaços, e os sentidos dispersos por outras paisagens, e os pensamentos sobrepostos e desorganizados, deixados e adiados a uma clarividente existência, que me faz construir este silêncio de palavras, mesmo que infinitas histórias cresçam dentro de mim e desejem permanecer reais por aqui. Mas como calcar os dias e os sentimentos com palavras, sem os alcançar com as mãos? O tempo cresce de mim e em mim retorna e só de vez em quando cede, como agora, quando em mim mesma preciso de um lugar, mesmo que fugaz.

segunda-feira, março 22, 2010

domingo, março 07, 2010

sábado, março 06, 2010

segunda-feira, março 01, 2010

Sobre hoje...



Há muito que não ouvia um concerto ou recital de piano ao vivo!!

P.s.Parabéns minha irmã.

domingo, fevereiro 07, 2010

metafora(s)

O que será (à flor da pele)

"O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores que vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo"

O QUE SERÁ (À FLOR DA PELE)
Chico Buarque (Brazil) - 1976

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Não sei escrever

Não sei escrever quando o silêncio se emaranha nas palavras. Obedeço a este pálido intermitente silêncio que constrói falsos e adulterados tectos de estranhas impressões onde se deviam alojar os sentidos. Não sei escrever quando a inquietação abafa a vontade de me sentir também fora de mim. Vou tropeçando nas memórias de poemas imaginados noutros tempos. As palavras travam e esbarram umas nas outras em cruzamentos desencontrados, ferem-se em interpretações desordenadas, brotam dos sentimentos incompletos, e dos anseios de mover a vida em contravolta e seguem de novo em contramão. O silêncio que me desfaz de ti, faz com que os meus pés se movam e cheguem a um mesmo lugar. Faz com que as mão se ceguem no caminho da tua voz do outro lado das tecnologias inertes. O silêncio. A pausa para sonhar. Chama por mim de algum modo, põe-me a escoltar o meu coração, ainda que ele apenas suspire de esperança. Toma o passo, sereno, firme, frio e molhado. Rumo preciso mas em direcção criada por forças mestres da natureza. O vento sopra em mim também. Vagueia no meu corpo e faz ondulá-lo no tempo. Não sei escrever quando os sons se amontoam no que ainda não fiz nem fizeste, não disse nem disseste. Não sei escrever quando apenas espero pelo silêncio, esperando que não seja inerte.