sexta-feira, agosto 29, 2008

Doce, ténue, pálido, sagrado

Doce, ténue, pálido e sagrado segredo,
És frágil por não desejares viver sem medo.
Sobrepões os lugares, os dias e os anseios à tua vontade,
Sobrevives sem pulsação.
Idades sem contagem, tempos sem duração.
Tens o empenho dos desejos por cumprir
Alheio aos sons, ao olhar, ao toque, à pele nua,
Ao sopro do vento quente que soletra desencontros enquanto corre contente pela rua,
Ao sangue frio que derramas enquanto descuidas o que amas.
Sofres a solidão em rascunhos de relações desaprovadas,
Resquícios de outras histórias com sobras de uma ilusão.
Semeias culpas inseguras em noites inacabadas,
Regressos a casa sem planos para partir.
Compões harmoniosos prelúdios que morrem sem se tornarem canção.
E depois de em ti serem consumadas todas as incertezas, todas as vaidades,
Todas as inquietações,
Todas as verdades,
Nasces de novo.
Voltas a sorrir.

(Agosto 2008)

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