quinta-feira, julho 31, 2014

Pequeno descanso da mente

De cada frase que escrevo, ressoa em mim um outro pensamento.
Um apelo ao ecoar de sons sem embaraço e movimentos secretamente coreografados por breves momentos.
Um simples e acolhedor descanso da mente.
O reconduzir sereno das emoções em lista de espera.

A pele marca novas viagens e desejos incompletos em outras peles, como cravando o marco invisível que apenas se sente na alma desnuada de outros sentimentos que não os invisíveis ao olhar, aqueles que provamos quando as mãos sobrevoam no vento e quase o conseguem alcançar, quando balançam ao ritmo do pensamento, ou das ondas do mar. Algum coração adormecido em algum despistado e curioso peito. Como se de algum coração a mão lhe tomasse o jeito.

quinta-feira, abril 10, 2014

Para reler em mim


As palavras que por aqui escrevo são surpreendentes cúmplices do tempo e das mudanças que por mim vão vagueando. Desafiando cada momento para que não me esqueça nunca dos mil e um sentidos e motivos pelas quais as liberto e as guardo em mim. Como memórias perpetuadas do que não posso nem quero esquecer porque são elas, pelo seu traço e existência, o que também de mim não posso abandonar. Grata por povoarem, com todos os seus simples e grandiosos significados, a minha vida e as poder usar como aliadas da minha e vossa presença neste lugar, ou estado de alma, a que chamamos de mundo.

terça-feira, março 25, 2014

Luz baça

A luz baça do quarto vazio onde a noite sem trajeto adormece
Despida de outra respiração ou vida
Desenha uma alma vagabunda, segredando cansada,
Que aqui permanece possivelmente perdida.

segunda-feira, março 24, 2014

Distâncias I


Não saberei dizer com palavras
Tudo o que os dias vão escrevendo com a espera do olhar.
Não existirá tempo que abrace o teu corpo ausente e
Não encontrará o corpo este tempo inscrito nos segundos de volta
A um outro momento presente,
Onde sobrevive o mar e o vento,
Onde as frases viverão
Serena e suavemente,
Em simples sequências da palavra amar. 

domingo, fevereiro 16, 2014

Deste lado

Quando o ar nos engole e nos cospe para fora da realidade onde sempre vivemos, faz-nos rastejar sem corpo, e soluçar sem água. Faz-nos perder o ultimo toque da luz que nem à memória nos chega por ser tanta a sua distância. Faz-nos suspirar sem som, e calar sem ter palavras para o fazer. Faz-nos desistir de o ser. De entre tudo o que resta permanece apenas um lugar vazio. O vazio, mestre nas suas infinitas paisagens. Por fim os olhos fecham-se.

Quando sem nos apercebermos se abrem, o que anteriormente se viveu flutua num espaço limitado e pouco iluminado, onde o sangue se sente e se segue. Teima em constante retorno dentro de mim. Está na minha frente, precoce, inconstante, frágil e renitente, a réstia de uma qualquer esperança a chegar a mais um dia sem que este pareça sem fim. Sobreviveremos sempre aos sentidos trocados, às palavras dolorosamente cravadas, aos abraços descuidadamente deixados noutro tempo e aos beijos desencontrados, às mãos que deixarão de ser dadas. Sempre. É a esperança teimosamente a fazer-se vencer.