sexta-feira, abril 21, 2006

Sobre a memória da espera

Escrevo a memória da tinta azul
Perdida e desalojada das casas
Paradas;
Habitante das cidades sem cimento.
Segue-se o vento, solitário e sóbrio,
Sobre a estrada aberta;
Passam os passos perdidos
Por uma qualquer entrada,
Quase sempre deserta.
Entre uma e outra parede, soltam-se
Segredos em desalinho,
Desdenham os sorrisos enlameados
Entre as eras e as
Terras,
Secas por sóis estagnados.
Sobre vós descanso os desejos
Sem regresso.
Sossegam as palavras guardadas pelo tempo
E a sombra semeada pelo medo
De guardar silêncios,
De esconder linhas, cores, espaços e
Outras inseguras verdades.
Mesmo as saudades se esbotam no ar.
Escrevo ainda
A memória de tinta
Que ressoa no olhar...
São restos.

Sem comentários: