sábado, agosto 18, 2012

Da ilha do crocodilo

Começar a escrever sobre esta “viagem” é como começar a escrever sobre a vida. Há sempre muito a contar , a descobrir e redescobrir, a sentir e a viver dentro e fora de nós. Dias que vão passando e palavras que parecem pouco sábias para traduzir o que os sentidos nos vão deixando na alma. E na pele. Talvez não saiba ainda como descrever objectivamente lugares, pessoas, momentos, paisagens, cheiros, vivências, sabores, e os diversos verbos dos meandros da vida por aqui. Inquestionavelmente fico constantemente dificultada e ao mesmo abismada pelo passar pouco comum do tempo que se encolhe e alarga de modo invulgar por estas paragens de aragens impregnadas de pó, fumo, maresia, suor, humidade, folhas e terra. Esta é uma cidade de inquestionáveis contrastes e misturas. Onde pés descalços e desconfiados se misturam com sorrisos descontraídos, com olhares curiosos e por vezes intrusivos, com passos indiferentes e com palavras desconhecidas procurando por vezes conversas animadas. Talvez o seja assim em todos os lugares e olhares dos diversos mundos onde habitamos e visitamos. Mesmo os que todos os dias temos em “casa”. Mas esta terra não é de realidades fáceis. Existe nela, no entanto, um qualquer e incompreensível encanto que me foi instantaneamente cativando. Com o passar do tempo os pé ganham a cor da terra por onde andam e que neles se entranha. Com o passar do tempo os cheiros fazem já parte da identidade de um lugar que se vai descobrindo também em mim... Com o passar do tempo a cidade vive-se e respira-se com todos as suas mil e uma histórias e identidades também. E com o passar do tempo as palavras tornar-se-ão, talvez, mais fluidas e intrínsecas.

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