domingo, agosto 30, 2009

Luas

 
Foto: public domain
Ontem, na Noite Branca, a lua esteve mais ou menos assim...

sexta-feira, agosto 28, 2009

Casa pré-fabricada



Casa Pré-fabricada
Interprete: Maria Rita

"Abre os teus armários
Eu estou a te esperar
para ver deitar o sol
sob os teus braços castos
Cobre a culpa vã
até amanhã eu vou ficar
e fazer do teu sorriso um abrigo

Canta que é no canto que eu vou chegar
Canta o teu encanto que é pra me encantar
Canta para mim
qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais

Vale o meu pranto
que esse canto em solidão
Nessa espera o mundo gira em linhas tortas
Abre essa janela
primavera quer entrar
pra fazer da nossa voz uma só nota.

Canto que é de canto que eu vou chegar
Canto e toco um canto que é pra te encantar
Canto para mim qualquer coisa assim sobre você
que explique a minha paz
Tristeza nunca mais..."

Composição de Marcelo Camelo

domingo, agosto 23, 2009

De ontem



"Calhou-me na "rifa"..."

sexta-feira, agosto 21, 2009

des - esperar


Não me sentei hoje... mas o dia teve, por aqui, esta tonalidade e sentido. Porque também é real e necessário. Esperar pode no entanto muito facilmente tornar-se um vício...

quarta-feira, agosto 19, 2009

Porque hoje...

"Hello stranger!"

...ainda é o dia mundial da fotografia.

Porque fez calor lá fora...

Porque fez calor lá fora, não me demorei com olhares alheios do outro lado do mundo e guardei-me em casa… A cortina fechada de desencantos criou para mim o improvável cenário de um reinício em calma e contemplação. Uma penumbra que me visitou expectante e desejosa de partilhar vontades inertes e as sombras na parede sussurrando desprezos frios e sarcásticos sobre qualquer outra actividade humana. Tranquei o mundo, de fora, dentro da surdez da indisponibilidade. Atei rotinas aos espaços perpétuamente revisitados, que derretendo com desassossego por não se verem destinadas, se consumiram em retiro. Acho que me vi dançado descalça, calcando a cada passo, a cada ponta, resquícios de corações espalhados pelos sons que me incitavam a escorregar por entre o espaço maleável de uma sala cheia de nada. Passeie-me pelos sons que tombaram, como se de um céu distante descesse todo o seu azul, o mesmo que transborda volta e meia algum olhar. Também se passearam, entre os dedos, sentidos comandados por cândidos intérpretes de sons improváveis, traduzidos em silêncio, e um apego ao corpo que ordenou o movimento e a emoção. Também eu caí aos meus próprios pés. Também me reconheci no toque preciso do comando do corpo, movimentando-se em vão. Assim balançámos sem música, sem espaço, sem som, nem toque, nem tom, nem tempo, pela sala do nada. A mente perdida, o corpo desperto. Mas as muralhas maleáveis do presente desordenaram-se com os passos inseguros desta ainda pouco domesticada dança. O calor que faz lá fora entra pelas frestas das janelas tapadas com negação. A razão reconhece os seus inconstantes desencantos e reabilita sem permissão as suas fraquezas. O corpo retrai-se quando a alma grita em silêncio. Inquieta e improvável contradição. E o tempo volta a sobreviver à sua ausência, o corpo volta a sentir a falta de tempo, e chora em contramão. Soluça o sangue sem lágrimas, nem tristeza, nem punição, pelo aparente regresso aos sentidos. Seguem os impulsos do coração interrompido e inerte, o seu irrequieto curso. Inquestionável memória das sensações e emoções que sobrevivem sem respirar onde o tempo se mistura com o espaço. Talvez o calor arrefeça sem anúncio ou ostentação a cada dia onde passa. Talvez se faça destino encontrar a partícula elementar dos sonhos cálidos que me leve pelas danças de outro lugar, numa improvável direcção.

domingo, agosto 16, 2009

sábado, agosto 15, 2009

Verão













É mesmo muito bom, em pleno Verão, conseguir encontrar lugares como este :), ainda...

Fotografia...



...ou a infinita espiral do que designamos de tempo.

sexta-feira, agosto 07, 2009

quinta-feira, agosto 06, 2009

Um único sentido nunca se faz só



Talvez inocentes e invisíveis pensamentos se cruzem entre si, sobre os ventos onde navegam em trajecto circunscrito, indiferentes às amarras da mente, fugindo à socapa por entre a reprovação dos seus criadores. Talvez o desejo depois de concebido pudesse ser inscrito e marcado para sempre nas margens da imaginação. Talvez as vontades alheias se abraçassem, os sorrisos se contagiassem e o toque surgisse de uma ancestral necessidade de nos amarmos e sofrermos como iguais. Na memória, cresceriam favores contrários à contraditória vontade sacrificada pelos genes que lhes deram forma.
Não te posso falar porque o som não te chegará pela distância dos símbolos e significados. Não te posso sorrir porque a boca se encontra também ao serviço de outras palavras não reveladas. Não te poderei tocar porque as mãos, atadas a outras acções permanentes, não se conseguem libertar. Não te poderei eu sorrir, nem tocar, nem te olhar pela cegueira que se moldou na indiferença que aprendi a criar, pelo medo que adoptei no meu colo já adormecido, pelo desconhecido que embalei, dia a dia, em imutável permanência. O desconforto de pisar outros caminhos que nunca se usam, mas que se podem cruzar com o teu. E da nascente crescente de acções mecanizadas, seguem novos sentidos, descobrem-se discriminados e lentos caminhos que param nos teus sonhos para te gritar em calma e sussurrar em exaustão. Encontro-te então aí. A meio caminho. Já nos vimos antes sem nunca o reconhecer. Pressentimos, talvez, imagens de filmes distanciados pela memória, músicas desconstruídas por outros intérpretes, histórias que viajam com a imperiosa necessidade de se mostrar para sobreviverem apenas na tua mente. Convicções que desejamos manter mesmo que se mantenham desfeitas e desamparadas em nós. Silêncios onde apenas persiste o silêncio. E um mesmo cenário estranhamente contrastante.
Será então tempo de desconstruir as certezas e desvanecer as montras onde se amontoam desejos egocêntricos e talvez de mim se desprendam afectos que se tornem morada. Talvez um mar de palavras inocentes chegue também a ti e te sussurre sentidos que te pertençam, silêncios amenos, respirações cálidas e a simplicidade das pulsações de um momento. Talvez te sintas feliz assim.

segunda-feira, agosto 03, 2009

Alice

As gotas de àgua também ecoam no tempo...

"A insónia...

Nunca soube como começar. E nem sei o motivo porque te escrevo, nem como te hei-de contar o que talvez não deva ser convertido em facto concreto. Este é um começo enviesado e prolongado nas duvidas da minha existência. Esta folha é talvez o espelho torto e partido onde te questiono sobre o meu reflexo. Sei apenas dos porquês da minhas reticências.
Porque sempre permaneceste no submundo da espera pelas respostas, e as respostas que te vendem são sempre as mais adequadas mas não cabem nas escolhas que queres para ti. E aqui estou eu, com a chave desse mundo discreto que suplicas aos outros. Só eu sei como é o percurso de regresso, quando a ida não tem ainda origem em qualquer espaço do mundo. Só eu sei onde colocar as malas desalojadas de pensamentos antes de adormecer e sei de cor qual a cor da linha entre o céu e o mar onde te posso encontrar. Sei desencontrar os quadros das memórias e espreitar entre as vigas das janelas que nos separam de fora e de qualquer outro alheio lado de cá. Sei construir torres de contradições que te suportem até a um qualquer fim de mundo, para que vejas sem jamais tocar. Sei decorar os preconceitos com mantos negros, para que os toques sem os olhar. Sei flutuar sobre o suspiro que me escolhe como mensageira deste momento. Sei ordenar-te nesta coreografia de linhas sem prece nem preceito. E a dança desta escrita viajante recomeça.
Escorrego a cada palavra, desligo cada silêncio do momento exacto e volto a liga-lo noutro lugar. Assim troco as voltas da tua vontade, servindo-me dos malabarismos da minha mente para te ludibriar. E sim, consigo demorar-te nesses segredos invisíveis que moram na película transparente dos sonhos, dos espelhos e das fantasias. Torno-me a maior fonte do teu prazer inexistente. A límpida e iluminada forma de nunca te servir para nada. O meio de transporte que nunca chega quando não tens que seguir para lado algum. As linhas escritas como cópias de outros sentimentos, sentidos por outras personagens às quais conheces os sons e a cor, e que esqueceste debaixo do tapete longínquo da memória. Torno-me uma vulgar, vacilante e desconhecida ilusão. Torno-me distância perdida entre todas as distâncias. Sou o som sonâmbulo de uma sempre eterna e única música, uma canção repetida.
Depois, solenemente, encho-me de uma velha vergonha pelo que nunca presenciei de ti e escondo-me novamente dentro de algo perfeito e confortável que ainda persista em mim. Só saio à noite, e para te escrever. Só saio com a consciência das vontades. Cresço de mim com esse adubo que fermenta o pensamento e o desentranha das ilusões sempre repetidas. Quero corrigir as formas distantes que constantemente te fogem do olhar e desenhar outros olhos que se dirijam também a mim. Quero-me embalar nessas espirais de outras direcções a perseguir.
Quero, quero e quero e a vontade nada mais faz que alargar o tempo. E o tempo dorme com a paciência enquanto eu aqueço as noites e me esqueço de espera-lo pacientemente.
(...)
Este caminho repete a minha paisagem, certa por não ter direcção e regressar ao sonho que ressoa em mim. Esta carta em começo permanente, quer levar-me sem fim à vista, a um olhar. Não sei como começar, antes de viajar dentro dessa eterna imensidão. Não sei como começar sem antes te encontrar por aqui, nesta morada enraizada entre um pensamento e um coração... "
(Agosto 2006)


E assim, Rita continuava a sua viagem sem nome, transpondo para outros dias as marcas sem tempo que antes a desassossegavam. Curiosamente, o passado tornava-se, aos seus sentidos, um balsamo reinventado, de cada vez que caminhava. Um passo atrás de outro. Um passo à frente... Ou nenhum passo :)