Este silêncio é como o suspiro de um pensamento em branco quebrando com o peso imensurável de todos os vazios, quando abro a porta de casa.
Um sentido disperso, tresmalhado, alheio aos tumultos e batimentos apressados do coração.
A mão no peito para sentir, a mão para medir, a mão confrontando e consolando o sorriso e a solidão. A mão sem sentido para socorrer preces que surgem abafadas pelo silêncio. Percorrer a pulsação. O ostinato dos pensamentos em ritmo de bossa nova.
A luz estanque. Pausa no encadear de ideias que persisto em querer deixar marcadas numa tua vida. As mesmas palavras. Uma nova ordem nas palavras que quero dar.
A memória descarrega imagens em perspectivas privadas e abstractas.
O sol escorregou em câmara lenta na trajectória impotente do céu morno sem saber como regressar. Recolheu e ordenou os pedaços rasgados do passado. E respirou com um só sopro.
Entrou em casa e fechou a porta.
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