Deambulavam corpos perdidos pelas ruas da cidade. Copos vazios, conversas perdidas pelas horas, desejos de continuar. O abrigo momentâneo de casas acolhedoras. A vontade de continuar. As cordas de uma guitarra. Olhos desencontrados colhendo palavras ditas por outro olhar. A voz sóbria de uma guitarra em sons dispersos que vagueavam dentro de nós. Dedos dedilhando a guitarra, dedos dedilhando dentro de nós. E a voz que se perdia por dentro. A vontade de encontrar. Mãos vagueando, inocentes, por mãos alheias. Braços que se tocaram. Guitarras que se tocaram dentro de nós. Mãos nas mãos. Braços em forma de abraços. Vozes sussurrando dentro de nós. Olhos perdidos e sorrisos derramados. Olhos perdidos nos sonhos do outro lado de nós. Sorrisos sossegando o sonho. Cordas de uma guitarra distante acordando os sonhos que fizemos de nós. Mão na mão. Beijos abertos pelo afecto. Beijos nascidos dos sorrisos dentro de nós. Beijos sossegados pela razão dos sonhos. Cúmplices beijos repousando nas dobras das nossas mãos. Puros afectos sem tempo nem embaraço. Beijos como agasalhos sem tempo nem transgressão. Amizades compreendidas em gestos inesperados. Silenciosas e inocentes promessas de verdade. Passos pela cidade nua e calma, sem sombras nem ilusão. Passos cúmplices em palavras de regresso sossegando o coração. Agasalhos feitos de abraços. Vozes trocadas entre as mãos, e os olhos e os momentos sem tempo. Trocas de afectos entre os beijos e os sorrisos, escorregando pela rua, com passos em contramão.
E a despedida sem nome, em forma de reencontro. As guitarras distantes. O regresso a casa desenhando passos sonâmbulos, serenos e lentos. As mãos ainda quentes.
O regresso desenhado pensamentos. Os sorrisos que deixaste por dentro.
Os sorrisos renascidos, como beijos, calando pouco a pouco a solidão.
(07-09-08)
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