sexta-feira, junho 05, 2015

Ego que chama por mim (sem maquilhagem).


(...) A minha pele é o ego retorcido de muitos mundos que trago em suspenso. É o som sublime e o eco de histórias que vivem comigo e comigo se vão revelando e crescendo. Ventos e poeiras, sombras e veredas dos sítios por onde me fui vivendo. Onde nasci, renasci, e morri. É também o presente, seguro e eloquente. É o testemunho do tempo que trago em mim e o testamento do que ganhei e do que perdi. É o não a que me obrigo e o não que também ouvi. A marca do sol deitado em praias desertas e das lua incompletas em cidades sobrelotadas. É a gravação do silêncio em casas perdidas. Os risos que transbordaram depois de todas as lagrimas caídas. A minha pele é o espelho das noites em branco e em cinzas, que se deram aos movimentos de corações desconstruídos, ou aos contratempos das memórias e dos desejos distorcidos sem palavras. É a sombra dos sonhos em contramão e a mão de cada sombra em mim tocada. É a luz nua das manhãs sussuradas. É a imensidão de todas as nuances em que acredito que podemos ver e viver a vida, reunidas numa só tez. É cada um dos mil e um sentidos que se perdem da vista mas se reiventam quando os dias chegam ao fim. É um outro retrato que se constrói em mim. (...)